domingo, 30 de janeiro de 2011

Reflectir, isto é, flectir sobre si mesmo

Será líquido poder falar de um momento Blue Monday que a sociedade global estará a experimentar?

Certo é que nestes tempos o bem mais escasso será, porventura, a confiança. E a escassez de confiança, tanto no plano da economia global, como no plano sócio-político, tem contribuído, grosso modo, para a apatia civilizacional em que hoje nos perspectivamos.


O Homem, partindo de uma específica visão (porque cíclica) da História, traça, não raramente, uma panóplia de paralelismos. E, nesse sentido, o exercício de reflexão sobre as grandes crises do Século XX oferece-nos uma resposta concludente.


É que esta Crise, diferentemente das que marcaram a História até à primeira metade do século XX, é (também e fundamentalmente) de valores. Toda a produção cultural, jurídica, até, se quisermos, económica, desenvolvida pela Humanidade não soube prever nem impedir a sucessão calamitosa de acontecimentos conducentes ao momento presente.


Até aqui chegarmos, proclamou-se a morte da Filosofia, o horror às ideologias extremistas, findava o estado de graça da Lei. O Homem mostrava que, em toda a sua História, sempre esteve pronto para tudo, menos para a Pós-Modernidade.


Com o século XXI, chegava a cereja no topo deste amargo bolo. Partimos para a segunda década com um mundo em conflito. Podemos, quiçá, para além dos (inúmeros) conflitos armados que se foram disseminando um pouco por todo o planeta, falar de um grande conflito ideológico: o de assumir realmente que este é um momento de verdadeira Crise e que a actualidade é o culminar de um processo que começou no passado.


Por Crise entendemos aqui a falência de um paradigma vigente num determinado momento histórico-culturalmente localizado. É bem visível que é esse o momento que atravessamos. O melhor exemplo que temos é o da Política portuguesa: uma classe política desgastada, da esquerda à direita; uma confusão de partidarismo com clubismo, porque partidos e ideologias não são já realidades correspondentes. Pagamos a factura do super-individualismo que alimentámos laboriosamente por três séculos.


Porém, o Homem encontra na sua natureza, nos momentos de Crise, uma riqueza incomparável: é um tempo de novas oportunidades, da criação de novos paradigmas. Chegou a altura de pensar no sentido, no porquê, para além do como.


O que será, hoje e neste âmbito, remar contra a maré? O que pode cada um de nós fazer, nestes tempos em que a individualidade que conservamos continua esmagada por uma hierarquização político-instrumental na qual não nos revemos, para reverter esta situação? Um exemplo: no passado dia 23 de Janeiro, metade do País preferiu nem saber do rumo que Portugal tomará. Porquê?


Nestes tempos, em que se fala abertamente da decadência da Democracia, qual o rumo a tomar?


Acredito fervorosamente na Democracia, na Liberdade e na Responsabilidade. E acredito que é da conjugação saudável destes (e de outros elementos) que poderá surgir uma resposta.


Acredito na audácia de acreditar na Mudança.

11 comentários:

  1. Quanto a este assunto penso que a minha opinião tem duas perspectivas contraditórias.
    Primeiro, esse efeito Blue Monday não me parece espontâneo. Parece-me(na minha paranóia)que os estados de humor em massa já são planeados por essas grandes máquinas como os media, a banca e os políticos.

    Noutro blog estabeleci uma comparação comunismo/amor, capitalismo/paixão. Penso que a pós-modernidade pode ter esta correlação, explicando-se esta apatia pela nossa Humanidade.

    Superados os totalitarismos e dando-nos a ideia de total liberdade e tolerância ficamos entregues a este regime em que pouco há porque lutar mas que porque ele próprio está entregue a crises cíclicas e à suprema vontade dos poderosos (a velha questão de entre o forte e o fraco ser a liberdade que oprime)vamos tendo com que nos entreter e como libertar as nossas raivinhas com manifestações e greves que, no fundo, não abalam o sistema. Lutamos, mas o instinto diz que mesmo assim este sistema é aquele que nos deixa mais confortáveis. Vamos agitando bandeiras e os grandes vão esfregando as mãos. Já não há espaço para a revolução no mundo ocidental e muito menos a do pensamento.

    Isto não é assim em todo o lado. Ainda há muito "amor" pelo mundo. Pense-se no caso dos estudantes ingleses e franceses, na luta contra o regime de Mubarak no Egipto ou na grande revolução que ainda está por operar na China, Coreia do Norte e por aí.

    Não duvido muito que, eventualmente, esses amores desemboquem na letargia da paixão da pós-modernidade, mas qual será o próximo passo? Quando e como é que ele se desenvolverá?
    Já não há espaço para a grande revolução e as pequenas conquistas serão o caminho. O derrube do regime por dentro será uma eventual e gradual solução.

    Ricardo Fernandes

    (Não me contive em parece um romântico porque tu assinaste "yours truly", então já não dava para ser mais abixanado. xD )

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  2. Eu acredito que devias era ir estudar, Paulinho.

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  3. Obrigado Paulo por expores tão bem uma problemática que tantas vezes me assola e que, verdadeiramente, não seria capaz de expressar de forma tão clara.
    Obrigado Ricardo por criares uma resposta com a qual me identifico, tecida também ela de forma brilhante.

    Anseio por responder à questão que o Ricardo deixou no ar: Qual será o próximo passo? Mas, em verdade, tenho medo de cair no ridículo, de arriscar.
    Creio também ser este o problema. O medo de arriscar, de lançar um grito de guerra e ver aqueles atrás de nós a acobardarem-se, de não ter ninguém para nos seguir.

    (Sabendo de ante-mão que me vou dispersar, peço desde já desculpa, mas aqui vai)

    Aprofundando a temática, e entrando no espírito semi-paranóico assumido pelo Ricardo, creio que primeiro temos de nos libertar das amarras (e por que não dizê-lo assim?) do "sistema". O controlo das massas através do entretenimento é, para mim, o primeiro grande problema. Vejamos: dentro das nossas alternativas de escolha televisivas quantos canais temos nós dedicados a cultura propriamente dita? Vou desde já excluir os canais de sinal aberto, porque são parcos em termos de cultura. O mais virado para essas bandas é o canal que menos é visto e isso diz quase tudo acerca da qualidade de escolha dos canais de sinal aberto e também atesta a passividade da sociedade.
    Vamos arredar também os canais de musica e cinema, que são cultura sim mas são, acima de tudo, entretenimento e também eles funcionam com base no cifrão.
    Temos o mais popular Discovery Channel, já ele repartido em meia dúzia de canais temáticos, já mais virados para o entretenimento também, com várias séries estilo reality show, embora em moldes bem diferentes das dos canais generalistas. L.A. Ink,
    American Chopper, Man vs. Wild, etc, são exemplos de série com vista ao entretenimento e não à cultivação pessoal, que muitos de nós procurávamos no Dyscovery quando éramos mais jovens.
    Temos depois o Odisseia, que ainda está perto do formato original mas vai no mesmo caminho do anterior. E outros que tais.
    De toda a grelha de canais que tenho em casa acho que apenas tenho um virado exclusivamente para a cultura, o History Channel.

    Um canal de cultura em cerca de 300 possíveis...

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  4. Fechando este parênteses, volto-me agora para a cidade de Coimbra, aquela em que estudamos, uma cidade que respira história e cultura. Mas será que não sofre de insuficiência respiratória? Serão os espaços de cultura suficientes na cidade? E os que existem são bem assinalados e conhecidos do público em geral?
    Falemos da cultura da cidade: ainda não há muito tempo, eu e o Paulo nos deparámos com uma curiosidade que nos despertou grande tristeza: Há casas de fado Coimbrão em Coimbra? Se há por amor de deus digam-me por que eu não conheço. :(
    Sei que há um espaço chamado "Diligências" algures na baixa, mas pelo que me contaram o fado que lá passa é fado Lisboeta.

    Fado Lisboeta... em Coimbra... uma casa de fado em Coimbra que passa fado Lisboeta...

    Onde podemos nós encontrar na nossa cidade do conhecimento um bar de Jazz & Blues? Não é uma pergunta retórica, não sei mesmo se há ou não!

    Creio que a produção de cultura Coimbrã está quase (se não exclusivamente) entregue à AAC.

    Ao escrever isto, sinto uma tristeza profunda.

    A AAC...

    Depois do episódio da semana passada, esta minha última frase toma para mim contornos de humor negro.

    Bem, uma vez que o meu comentário já está demasiado extenso (eu avisei que me ia dispersar) creio que a única conclusão a que chego é a seguinte: O mundo está doente e precisa de uma cura. O mundo precisa de um novo Renascimento, um novo "século das luzes".

    Podemos nós, juventude torpe e domesticada, mudar o Mundo? Não... não acredito.

    Mas podemos dar o exemplo. Agir localmente. Quem manda nesta cidade em todos os termos somos nós... For god's sake, a minha aldeia no verão é mais movimentada que Coimbra! Está nas nossas mãos meus caros. Estaremos nós a altura?

    Como nós, muitos jovens devem ter os mesmos anseios, os mesmos desejos de se ver livres desta cortina de cetim que nos embala e adormece ao mesmo tempo que nos prende e impede que esfolemos um joelho. Eu quero esfolar o joelho! Deixem-me esfolá-lo à vontade!

    Butterflies and Hurricanes meus caros...

    Butterflies and Hurricanes.


    Rui Sancho

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  5. Rui, quanto a casas de fado, para além do Diligência só conheço o aCapella.
    Quanto à produção cultural, Coimbra é rica em companhias de teatro (Teatrão, Escola da Noite, Loucomotiva, Bonifrates e outros, acompanhados dos dois organismos autónomos da AAC, o TEUC e o CITAC). Para além disto, Coimbra tem produzido boas bandas e o TAGV tem tido bons bailados.
    O que me choca mais é que, se não fosse a produção cultural de Coimbra, tínhamos zero! De fora chega cá muito, muito pouco!
    E não quero com isto dizer que a nossa produção cultural é suficiente, nem de longe. Mas acho o outro aspeto mais gritante.
    ;)

    Ricardo Fernandes

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  6. Sim, esqueci-me dessa...
    E em relação às companhias de teatro sem dúvida que estamos bem servidos e o TAGV é um espaço nobre.

    O que eu queria dizer com isto é que em termos culturais Coimbra está muito longe dos seus tempos de glória! Onde estão as tertúlias no verdadeiro sentido da palavra com boa visibilidade para o público em geral, as "conversas de café" com figuras importantes da actualidade como por exemplo há no Casino da Figueira? Os clubes de leitura... sei lá que mais...

    Eu sei que existem muitas coisas que desconheço em Coimbra que provavelmente até chegavam para me calar, mas a falta de publicidade a isso é gritante. É inegável que em termos culturais Coimbra está em decadência e já não é de agora.

    Rui Sancho

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  7. Bem a meu ver a primeira questão é debruçarmo-nos sobre nós próprios e percebemos o que fazemos (activa ou passivamente) para manter ou mudar este status quo que tanto gostamos de criticar (e eu também).

    Eu quero muito ir fazer voluntariado, mas depois desculpo-me com o tempo; quero ir fazer desporto de forma mais competitiva e fico-me por mails estéreis; digo que fazemos e fazemos e as coisas muitas das vezes ficam paradas. Claro que nem todos somos assim e que muitos de vos terão mais legitimidade para indagar contra o sistema do que eu, mas não paremos de reflectir sobre nós próprios.

    (Portanto Ricardo quando vamos tocar para a praça 8 de maio?)

    Alguma vez o Egipto veria tamanha “revolução” senão fosse cada um dos Homens a vir para a rua? Claro que contestar quando se sabe que não estamos só e que temos as costas quentes é mais fácil; mas eles (no singular e depois no seu conjunto) fazem a força. Connosco penso que é igual… haverá sempre um pioneiro, um primeiro, o iniciador (que pode ser o manel ou o vizinho da esquina) resta é saber se estamos prontos a co-agir! Mas claro cada qual é como cada qual e uns mais do que outros.

    Depois o que nos envolve: a sociedade e os cidadãos; a politica e os políticos; a cultura e os fazedores de cultura; o dinheiro e os gastadores ou poupadores; e o sistema (esse afamado ser misterioso e irreconhecível).
    E quanto a este dificilmente chegaremos à perfeição, mas há muito por onde mudar…

    A sociedade não tem grande força (e não é só pela situação difícil económica que vivemos). Parece que de alguns anos para cá conformamo-nos com o que temos. Mas ainda assim continuamos (ou pelo menos alguns) a desafiar o medo e o abstencionismo:
    Candidaturas à Unesco (UC e Fado); organizadores de eventos desportivos e outros de grande dimensão e com elogios de todos; missões (militares, de defesa, etc) no estrangeiro; presidências de várias organizações internacionais; crescimento nas energias verdes do futuro; conquistas científicas (tecnológicas, medicinais) onde a nossa universidade tb se destaca; vários artistas (musicais, escritores, pintores, arquitectos, etc.) destacadíssimos nos quatro quantos do mundo.

    Quanto à politica, agora parece que vão diminuir os deputados e rever o método d´hondt, será que ajuda? Todos parece que nos queremos ver livres deles, portanto…lol Claro que parece que há muitos dep que não fazem nenhum e se pouparia algum dinheiro, mas os partidos mais pequenos temem perder representatividade!

    Quanto à cultura… pois onde esta o fado em Coimbra? Também não o vejo e nós que temos tantas tunas e afins. Mas por exemplo, e o Ricardo fala melhor sobre isso, eu vejo o coro misto a sair muitas vezes e a ir fazer muitos concertos, portanto ai está uma forma de promover a cultura em Coimbra (pelo menos nesta área, claro que a cultura não se resumirá a isto).

    Pronto e assim, pelo menos um bocadinho, o sistema pode talvez ser minimizado (espero não ser demasiado optimista)

    Isto só para dizer que:
    1º nós estamos mal… SIM
    2º há muita coisa que pode mudar… SIM
    3º conseguimos mudar… SIM
    4º temos provas disso… SIM
    5º resta saber se temos força, vontade e animo… SIM/NÃO???

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  8. Para mim a pergunta mais berrante desta discussão: Qual o próximo passo ?
    E berrante digo pois esta pergunta toma cores profundamente contrastantes.

    A cor do desespero, pois que, primeiro era Deus que estava no centro. Depois surgiu à luz do antropocentrismo o homem como figura fulcral. E agora, na pós-modernidade, vivemos o despotismo do cifrão. E em terror perante esta constatação, só resta mesmo ao homem perguntar, qual o próximo passo ? Será possível perdermo-nos ainda mais ?

    Mas esta pergunta toma também uma cor contrária, esperançosa. Uma porta para a mudança.

    E no entanto, a pós-modernidade com o seu capitalismo visceral e o seu marketing viral e a banalização do que significa viver e estar vivo acabaram por despir o Homem do seu valor intrínseco. Como pode funcionar um sistema político/ideológico como a democracia que depende das pessoas como parte integrante e funcional de si mesmo quando nos deparamos com este vazio de valores ?
    O que aconteceu à honra, à integridade, à nobreza de espírito ? Foram trocadas pelo cifrão, que hoje em dia precede à humanidade.

    Então tentando responder à pergunta, parece-me que o próximo passo será uma re-prioratização do que realmente importa à sociedade e uma tomada de coragem. Voltarmos a descobrir o nosso valor humano e a cultivar os valores morais e a cultura, como que num regresso ao século das luzes, como disse o Rui Sancho.

    E pergunto também o que já foi perguntado: somos capazes ? Olhando à volta parece-me que não. No entanto, tentamos à mesma. E só pelo tentar, não estaremos já a ser a mudança que queremos operar ? Talvez aí então... sejamos capazes. Pois concordo que não será uma grande revolução, cheia de gritos fervorosos e luzes brilhantes que trará alguma mudança significativa. Será sim algo bem mais singelo e silêncioso: a simples consciencialização, cada pessoa uma pequena conquista.

    Acredito na democracia. E esta baseia-se na crença do valor humano e não no valor do material. É preciso que recuperemos (se é que alguma vez a tivemos) esta democracia.

    E quanto à indiferença da sociedade... Quando a liberdade da consciência é chamada de utopia, sabemos com certeza que na verdade, vivemos numa distopia.

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  9. Paulo dedica-te à Agricultura porque Literatura não é para ti! Que decadente...

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  10. Obrigado pelos contributos já avançados por todos.

    A verdade é que temos sido pródigos em palavras e parcos nos actos. E também aqui é importante destrinçar onde queremos chegar ao falar de actos, sob pena de sermos conotados com uma ideia que pode não ser a nossa.

    Mas, e a título de moderador desta temática, penso que seria interessante conhecer a opinião dos leitores relativamente a dois tópicos que, a meu ver, se acham entretecidos ou, pelo menos, imbuídos do ânimo da questão levantada.

    O primeiro é o polémico tema inédito dos Deolinda: Um novo nome para esta geração? O regresso à canção de intervenção? Que será que vai na alma destes jovens portugueses da então chamada geração rasca?

    O segundo é o resultado (in)esperado no Egipto e a saída de Mubarak: Terá o 11 de Setembro sido mesmo vencido em Tahrir? Estará a porta aberta para uma Mudança maior? Será a altura certa?

    Parece-me que poderemos estar a presenciar, a pouco e pouco, a História a escrever-se à nossa frente, aquilo que tivemos ensejo de vaticinar nos últimos tempos.

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  11. A canção sempre foi e é uma arma poderosíssima... capaz de agrupar massas... mover militares... encorajadora de acção... exterminadora de inércias! Não sei até que ponto será os Deolinda um grupo com a “canção de intervenção”, o que eu sei é que fazem músicas com intuitos (não só comerciais) mas sobretudo de “reflexão”. Da mesma forma que os comentadores de blogues, de fóruns, de jornais, tvs, etc. etc. o fazem. Contudo têm uma alavanca essencial: a música - não só a letra, mas também os tons, os acordes… capaz de tocar as pessoas de uma forma diferente do que tem um texto, uma pintura, uma palavra. Portanto, mesmo que não a apelidemos (ou talvez sim, depende da apreciação de cada um) de “canção de intervenção”, o que se torna visível é que serão poucos os jovens que não se reconheçam naqueles temas, naquela musicalidade, naquelas intenções, naquelas reflexões...

    O resultado (in)esperado só o é porque todos, uns mais outros menos, desconhecemos aquilo que se passa (em todo) Mundo. A última década foi pródiga em continuar a pôr no mapa o “Ocidente” e a pôr, definitivamente, em cena o Médio Oriente e países do Golfe Pérsico (claro sem esquecer os BRIC). Contudo, e como de alguma forma é natural, o Norte de África (sem guerras petrolíferas e demais argumentos falaciosos) viu-se arredado da esfera noticiosa.

    E tal como nós e outros no passado também demos o nosso grito do Ipiranga, os egípcios também o conseguiram fazer. Honra lhe seja feita, pela coragem, determinação, inconformismo, força e valentia… (imaginemo-nos a enfrentar um poder de mais de 3 décadas!?!?).

    Nestas coisas, presumo que não haja alturas certas ou erradas. Somos nós que fazemos os momentos, o agora, e os egípcios fizeram o deles em Janeiro/Fevereiro de 2011. Ansiavam mudar e conseguiram-no!

    Mudança maior? Sim, claro que sim. Da mesma envergadura? Talvez não. Vai depender das forças mobilizadoras e daqueles que são os governantes nos demais países que vivem hoje estas convulsões sociais. E já são muitos (ver infografia: http://sic.sapo.pt/online/noticias/mundo/multimedia/Revolta-nos-paises-arabes.htm).

    Não nos esqueçamos, porém, que somos “opinadores” de cabeceira, que sentados no conforto dos lares, escrevemos umas lérias. E mais do que escrever e opinar, devemos perceber e aprender com aquilo que se vai passando no Mundo. Podemos não ser os Deolinda, mas também não estamos assim tão longe (só distância?) do Egipto…

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