segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

ACREDITAMOS: QUEREMOS O METRO

Acreditámos! Incompreensível… intolerável… inadmissível… e muitas outras palavras começadas por “in” assolam-me o pensamento! Hoje falo como estudante com os cabelos de pé (como chego à minha faculdade?) ! Escrevo como passageiro daquele comboio (onde andas tu?) com uma dor angustiante que invade a minha alma e o meu espírito! Murmuro como cidadão com a preocupação de um futuro vazio!

O Ramal da Lousã viveu mais de cem anos. Agora está destruído. Um património ímpar, imprescindível dá voltas no túmulo (esteja ele sepultado onde estiver). Está morto! Não morreu de morte natural… morreu porque foi morto. Morto por aqueles que deram todas as garantias, técnicas e económicas, de exequibilidade, de sustentabilidade e de viabilidade. Morreu porque as promessas feitas pelos senhores de Lisboa fizeram acreditar Miranda, Lousã e Coimbra que iríamos ter um Metro mais moderno, mais seguro, mais rápido, mais cómodo… melhor para todos! Acreditámos! De boa fé elogiámos a ousadia para fazer avançar este projecto; convictos estávamos que não se arrancam carris, não se destrói algo, se logo de imediato não for concretizada a obra que é prometida. Acreditámos!

Muitas aventuras vivi neste Ramal. Desde a primeira vez que vim a Coimbra com os amigos da escola; o sobreviver a 10 minutos terríveis passados parado dentro de um túnel; o andar tão vagaroso sobre o rio Mondego que muitos nem pela janela olhavam, tamanhas eram as vertigens; as vezes em que cheguei por milésimos de segundos atrasado e o comboio já me dizia adeuzinho; os momentos da revisão final antes do teste que a viagem proporcionava; o puxar da alavanca de emergência quando o comboio teimava em não parar na estação; ou o simples ir, per si, que me levou a Miranda e a Coimbra incontáveis vezes.

Acreditámos que seria impossível, algum dia, perder este valiosíssimo legado (que já vinha da monarquia, imagine-se) que é motor de desenvolvimento de todas estas terras; acreditámos que, apesar de todos os apontamentos menos bons deste Ramal, este era e seria sempre o nosso comboio. Agora questiono-me e pergunto-me:

- Como é que se garante às populações um novo meio de transporte e, para esse efeito, se destrói uma linha férrea existente; passado um ano das obras se terem iniciado (ou seja, não existir nem carris, nem comboio e terem danificado uma parte significativa da baixa de Coimbra) as populações são confrontadas com um projecto (tão fantástico que ele era) megalómano, para o qual não existe dinheiro e cuja viabilidade (dizem agora) é pouquíssima ou inexistente?

- Andam a brincar connosco?

Acreditámos… mas hoje acreditamos ainda mais que QUEREMOS O METRO. O Ramal da Lousã não vai morrer! É nossa mais do que legítima aspiração ter um meio de transporte, que sempre tivemos, que nos ajude a chegar às escolas, aos empregos, aos hospitais, aos tribunais, aos estádios, aos parques… que nos ajude a fazer a nossa vida.

Não exigimos a lua, exigimos aquilo que é nosso e que foi destruído! Exigimos que nos tratem com dignidade, com respeito e com consideração. Miranda, Lousã e Coimbra não podem ficar para trás. E nós não vamos deixar que isso aconteça. NÓS ACREDITAMOS… acreditamos que só podemos estar a sonhar, vivendo uma quimera, uma fantasia! ACREDITAMOS que vamos ter um Metro! ACREDITAMOS e é por isso que lutamos!

Seja na Assembleia da República, seja junto do Primeiro-Ministro, seja junto dos candidatos à Presidência da República, seja na auto-estrada, seja no estádio, lá estaremos. Nunca estivemos tão unidos! Deixámos partidos de lado, clubismos de fora e aceitámos esta luta. Não nos resignamos e não nos conformamos. É imperioso que restituam aquilo que nos pertence… É vital que todos, dos Moinhos ao Padrão, de Vale de Açor a São José, do Casal de Santo António à Conraria estejamos juntos. Acredito que vamos ter um Metro... não baixamos os braços... continuamos a lutar... não deixamos o Ramal da Lousã morrer...

QUEREMOS O METRO: ACREDITAMOS

2 comentários:

  1. Infelizmente chegam as eleições com mais promessas e inacreditavelmente esquecemos o que foi prometido que nem por metade foi cumprido. Mas também me questiono que moral temos nós (e quando digo nós refiro à massa eleitoral) para criticar e exigir se batemos palmas a tudo. Elevando isto a outro patamar, arrisco-me a dizer que não há palavras que descrevam aquilo a que hoje assistimos. É lamentável.

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  2. Sem dúvida que muitos ficam em casa quando chegam os "domingos eleitorais", (como vimos ontem, mais do que a maioria)...
    Mas há diferenças! Uma das formas de luta deste movimento civico foi realmente um apelo à abstenção como forma propositada de manifestação da nossa insatisfação e realmente atingimos em Miranda a percentagem mais alta de abstenção (86%) e na Lousã 76%.
    Não sou ingénuo ao ponto de pensar que de algum modo algumas pessoas já não iam votar, mas nas últimas eleições Miranda teve uma abstenção de 37% e Lousã 34%...

    fica aqui a expressão do descontentamento!

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