Este fim de Março está a ser uma época triste.
Não me revejo em estudantes que, reivindicando direitos dos seus colegas, montam uma tenda de ciganos à Porta Férrea. Assim como não me revejo numa estrutura representativa que, por cair na sede de poder e na estratégia da crítica desmesurada, leva conscientemente o país a uma crise política.
Estes dois acontecimentos partilham uma raiz comum – descrença. E vai muito além de uma descrença para com os políticos no poder, é uma descrença para com os nossos iguais e para com a possibilidade de mudança. É uma descrença na importância e relevo da imagem de Portugal e dos Estudantes de Coimbra. É uma descrença na tão aclamada democracia.
Falta um inimigo comum e uma união acima de individualizações. Falta passar por cima de muitos orgulhos e proclamadas “coerências”. Falta quem seja isente de politiquices. Muitas críticas aponto eu ao Governo. Muita compreensão manifesto para com os motivos justificativos do Boicote. Mas não é o que se passou esta semana por que eu ansiava, muito menos aquilo de que todos nós precisávamos. Presentearam-nos com irresponsabilidade e quando olho em redor só vejo facções de pessoas que se revoltam, alegando um objectivo comum, acabando por se virar uns contra os outros.
É a perversão do sistema apoiada por aqueles que com ele sofrem e aqui repito – o que mais custa é o sistema ter chegado a este ponto por a voz popular ao longo dos tempos ter evoluído no sentido de uma apatia e de uma inconsciência cívica, com repercussões a nível de votos e abstenções, habituada a dados garantidos, excepcionada por extremismos.