Diz que a participação nas Assembleias Magnas tem vindo a ser progressivamente mais significativa. Folgo em sabê-lo. Também eu em tempos recentes tenho vindo a adquirir um interesse maior, sem deixar de confessar uma limitação – é-me humanamente impossível participar de início ao fim.
Não só pela longevidade, mas por quanto esta é agravada por muito dos conteúdos expostos. “Lavagem de roupa suja” foi o conceito que me surgiu de imediato aquando da minha primeira presença numa Magna. Pior cenário ainda quando esta se realiza em época de campanha eleitoral, acentuando-se as divisões, quais bancadas parlamentares. Sabemos de antemão que quem vai falar, mesmo antes de proferir uma só palavra, vai ser aplaudido por uma parte da sala e vaiado pela outra.
Não pretendo dissertar sobre o paradigma vigente das Magnas. Quero, antes, deixar um apelo aos que não se encaixam em nenhuma das secções, sucumbindo ao silêncio.
Falem. Ergam-se acima daqueles que estão demasiado vinculados a outros compromissos para fazer jus ao termo. Se não conseguimos mudar os nossos representantes, pelo menos não esqueçamos a possibilidade de nos representarmos a nós próprios. Fartos de ouvir sempre os mesmos interlocutores, quais estrelas protagonistas de presença compulsiva? Então informem-se, reflictam e ultrapassem o estigma de que estão lá para aplaudir até terem um cargo. Confirmo Sartre, para o qual a existência precede a essência. Mas aqui, a voz tem de preceder o poder.
Sem esta mudança, confesso o meu desinteresse futuro por este “órgão deliberativo máximo da AAC no qual podem participar todos os Estudantes da Universidade de Coimbra”.
Também eu fui à minha primeira assembleia magna, apesar de ter lá ficado até ao fim saí de lá extremamente desiludido.
ResponderEliminarApesar de tudo o que se tem dito ultimamente, estava à espera de encontrar ainda na assembleia vozes independentes e que pusessem a verdade da razão à frente da razão da argumentação. Se as havia, estiveram caladas.
Mas não posso censurar essas mesmas vozes, já que eu próprio também estive calado, mas como não ? A mim pareceu-me que estava tudo dividido em grupinhos mais ou menos alargados, e que mesmo esses grupinhos perteciam ao mesmo círculo, não digo de amigos, mas de conhecidos concerteza. Assim senti-me sózinho e sem voz.
Mais grave do que isso, senti que as opiniões não eram genuínas, onde se aplaudia/apoiava o amigo ou, determinada ideia porque era o "políticamente correcto".
Mais do que um estruturalismo físico, pareceu-me haver um estruturalismo de ideais. Onde os ideais que eram suposto ser um ponto de partida para a discussão, quando misturados com a conformidade e a ignorãncia, transformaram-se numa sólida prisão que a nada ajuda senão ao ovelhismo e à letargia da consciência.
Correcta ou não foi esta a minha apreciação da magna, infelizmente só serviu para me sentir roubado da esperança pela mudança.
Ricardo Cabrita
Confesso que não tenho participado em muitas Magnas, no entanto, aquelas a que assisti não me deixaram boas impressões. Há quezilas que não fazem sentido, num jogo em que cada grupo defende os seus interesses, recorrendo às falácias ad hominem.
ResponderEliminarPode dizer-se que o modo como os deputados e os membros do Governo se expressam no Parlamento é tudo menos aceitável, naquela que devia ser a Casa da Palavra (e nem me refiro a regras de português, mas a regras básicas de boa educação), no entanto a impressão que eu tenho é que nas Magnas, por vezes, há um triste espectáculo, que supera o que se passa na Assembleia da República.
Gostei do teu repto!
Antes de mais, tentarei ser mais assíduo nas Magnas.
Esta situação começou e continua precisamente devido ao "desinteresse". Enquanto 99,9% dos estudantes da UC não queiram saber do que delibera nas assembleias magnas e afins, a consequência é certamente o domínio de facões politicas e interesseiras que realmente querem saber.
ResponderEliminarA mudança começa por todos os que não vão e não manifestam as suas posições, apenas porque assistiram e continuam a assistir a situações lamentáveis. Na minha modesta opinião isso não é uma desculpa aceitável quando se está a falar em nossa palavra, a palavra dos estudantes, por isso vão e marquem uma posição que não seja ficar em casa.
O que mais me intriga sobre este assunto, é todo o conjunto de argumentos falaciosos que eles usam para credibilizar a magna e a AAC. Curiosamente (e este facto é notório em altura de campanha) a maioria dos estudantes aceita as justificações, e justificações como "A associação é de todos os estudantes, e tudo o que faz é pelos estudantes" ou "...a casa da democracia...". Mas é legítimo, quem não tem conhecimento suficiente, não tem segurança para questionar. Talvez esse seja o ponto de partida.
ResponderEliminarAntes de mais, é preciso compreender que a figura da Assembleia Magna é aquela que encerra, ideologicamente, os princípios basilares da Académica.
ResponderEliminarO que se passa hoje em dia, se quiséssemos radicalizar, poderia ser visto como um desrespeito sistemático, por parte de alguns sócios, pelo §2 do artigo 2º dos Estatutos da AAC, no que toca à sua conduta em Magna. Não sei, no entanto, se essa é a melhor leitura que podemos fazer deste paradigma.
A verdade é que hoje encontramos na Assembleia Magna um confronto entre falanges, uma bipolaridade deliberada, à qual nenhuma das partes é estranha. Pelo meio, habitualmente em silêncio, são detectáveis as excepções a este estado de coisas.
Acho que o melhor ponto de partida seria uma campanha de sensibilização da Academia para o que é, efectivamente, a Assembleia Magna.
with great power comes great responsability
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