domingo, 21 de novembro de 2010

Que futuro?

Partilho da visão do leitor “paulo” de que existe Académica pré e pós partidarização.

É certo - e que fique aqui bem esclarecido para todos os meninos a quem faz comichão ouvir que há mais um nome na corrida - que a campanha "Mafalda p'ra DG" é paródia e pura ficção, mas não deixa de ser exemplo de insatisfação pelo rumo que a esse órgão e a Académica têm tomado.

Essa campanha reflete o exemplo das pessoas que deveriam, de facto, representar os estudantes e uma instituição como a AAC.  Alguém incorruptível, com valores, inteligente e quem não se deixa influenciar pelas pressões políticas.

Todos têm noção de que esta "linhagem" (brilhantemente parodiada no blog caciqueaac) que vem conquistando eleições não é, de todo, benéfica para a saúde da AAC. No dia-a-dia houve-se falar na descrença, na corrupção, no trampolim...
Mas em Magna, os estudantes indignam-se por se querer limitar o financiamento das campanhas e acham uma ofensa à sua inteligência. Chegam ao ridículo de fazer chumbar a moção de canetas e isqueiros no ar.

Quando chega a hora de votar, verdade seja dita, a maioria vota porque lhe tiraram um fotografia para aparecer num qualquer organigrama, porque um amigo seu lhe pediu ou porque até reconhece a competência de determinada pessoa da lista (e já estou a excluir isqueiros e canetas para não ferir susceptibilidades). Mas esquecem-se que estão, mais uma vez, a votar numa lista que teve um alto (altíssimo) financiamento partidário (não, não é do próprio bolso) e que durante o seu mandato andará sempre entalada no jogo entre os interesses dos estudantes e os interesses do partido que a financiou.

Ainda existem os incorruptíveis, mas esses recusam-se a participar nesta palhaçada política. Quem devia executar a vontade dos estudantes já não acredita que isso seja possível e já tem estes corpos gerentes em pouca conta.

Na minha opinião algo tem que mudar e passa precisamente pela mentalidade das “ovelhas” da publicação anterior, pela mentalidade dos que se deixam cacicar, sem dúvida, pelo sistema de financiamento das campanhas e claro pela consciência geral de toda uma Academia.

Continuando, na minha ingenuidade, à espera do D.Sebastião para a academia, gostava que a discussão se debruçasse primeiramente sobre a questão do financiamento.

Não haverá maneira de tornar as campanhas mais justas sem prejudicar a chegada de informação aos estudantes?
É claro que sim, até porque as campanhas mais baratas têm sido as que levam mais informação! As outras têm levado muitas fotos, muitos outdoors, muitos slogans, muitas canetas e muitos isqueiros...
Se, em vez do 300€ de plafond na papelaria da AAC, fosse disponibilizado um saldo um pouco maior em numerário que tivesse de ser comprovado com recibos e se limitasse o valor dos donativos, como seriam as campanhas?
Ou será que isto se traduziria simplesmente em benesse para os partidos, que poupariam em campanha e apenas teriam de se preocupar com a gratificação do candidato?

É assunto para refletir num tempo de crise em que o esbanjamento não é muito bem visto.
Por fim, deixo um apelo para que, na altura de votar pensem mesmo muito bem, e caso estejam inclinados para o voto branco ou nulo façam mais um quadrado e votem na "Mafalda".

Mafalda P'ra DG é um mote do descontentamento. ;)

Esta não é uma visão cética. É antes de esperança para que, numa altura em que as Magnas começam a ser mais participadas, as consciências despertem também.

Welcome my son
Welcome to the machine

12 comentários:

  1. Em primeiro lugar parabéns pelo texto está simples e vai directo ao assunto tal como é necessário nestes casos.
    Em segundo lugar, deixa-me partilhar a pena que tenho em ver uma associação académica com o prestigio, respeito e histórico como a de Coimbra ser cada vez mais uma rampa de lançamento para uma vida política activa! Já nao se faz associativismo ao mais alto nivel para se resolver os problemas com que a Universidade de Coimbra constantemente surpreende os alunos, não há aquele orgulho em ser-se estudante de Coimbra e mostrar-se que ser estudante de Coimbra é diferente de se ser estudante em qualquer outra cidade deste país... infelizmente quando se fala dos cargos da Associaçao Académica de Coimbra sai da boca das pessoas a expressão popular " tacho " , é triste, mas é a academia que temos !
    Finalmente para concluir e para as pessoas perceberem o quão podre está esta academia para se conseguir votos, além de isqueiros e canetas oferece-se um estatudo de dirigente associativo só e apenas para garantir mais um voto !


    P.S. Peço desde já desculpa aos dirigentes da AAC que nao se encaixam no perfil de "tachistas" e que todos os dias se dedicam para conseguir uma universidade melhor, pena e que sejam poucos !


    Saudações Académicas !

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  2. Antes de mais gostaria de louvar a quem escreveu este texto, exactamente por ser simples, directo e tão recheado de verdades (infelizmente inconvenientes).

    Penso que o problema reside no facto de que os estudantes vão atrás de tudo isto, desta campanha fácil e das canetas e dos isqueiros e dos amigos. É o síndrome do ovelhismo, com lobos por pastores.
    Esquecem-se que o acto de votar não é um acto que se tome levianamente só porque sim. É antes o exercício da sua liberdade no sentido de escolher o melhor para a sua academia e para os futuros estudantes. Durante a manifestação gritaram que a educação era um investimento, no entanto na altura de também ajudar a salvaguardar esse mesmo investimento, deixam-se levar por banalidades, pelas ditas amizades ou simples conformidade.

    Penso que o que estamos a precisar, é de uma campanha de sensibilização para a comunidade estudantil tomar nas suas mãos a responsabilidade de colocar alguém sério e íntegro à frente da academia. Os estudantes têm que exigir uma campanha mais séria, menos de formas e cores brilhantes, e mais de conteúdo e substância. Tem que partir também de todos nós a exigência de mais informação, transparência e um compromisso de seriedade e solidariedade para com os estudantes e a comunidade.

    Partilho da mesma esperança e, espero que enfim as ovelhas troquem o pasto pela consciência.

    Ricardo Cabrita

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  3. Antes de mais nada, os meus sinceros parabéns pelos textos que têm sido publicados, fantástico!
    Estou completamente de acordo contigo relativamente à tua proposta para promover a justiça nas campanhas, limitando e controlando o dinheiro utilizado. Agora, é importante vermos, também, o outro lado da questão. Imagina um indivíduo que quer, como dizes, utilizar a AAC como um trampolim político, ou para obter o estatuto de dirigente, ou com qualquer outra intenção. Com que realidade ele se depara? Com uma grande parte dos estudante a passar ao lado, completamente desinteressados. E com uma pequena parte de pessoas interessadas, mas descrentes. Quem vai fazer a diferença, naturalmente, é a grande parte. Como cativar pessoas desinteressadas? Bem, comecemos por ver o perfil das pessoas. Alguns não serão assim, mas grande parte quer apanhar umas bebedeiras, fumar uns cigarros, curtir a vida, sem se preocupar muito com o ambiente sócio-económico e cultural que o envolve. Portanto, não estando dentro dos principais problemas académicos, será indiferente o dirigente, e consequentemente, as suas propostas. Como se cativam estas pessoas? Bem, basicamente a lógica é a de uma criança a escolher um sumo. Vai escolher o sumo que tiver mais cores, mais bonecos e for mais brilhante. Aqui entram "muitas fotos, muitos outdoors, muitos slogans, muitas canetas e muitos isqueiros...". No fundo, usam da forma mais benéfica para eles, a indiferença (e a natureza humana) a seu favor. A esse nível, mais depressa culparia os estudantes, do que o aspirante a dirigente. Se calhar, ando numa fase mais descrente da minha vida, e é com a maior infelicidade que digo isto, mas penso que "Alguém incorruptível, com valores, inteligente e que não se deixa influenciar pelas pressões políticas" e que, logicamente, levasse uma campanha simples, lógica e com conteúdo não iria conseguir vingar. Pelo menos, para já. Enquanto continuar a haver esta indiferença, este "não tenho nada a ver com isto, só quero tirar o meu curso sossegado". É preciso uma tomada de consciência, é preciso informação, muita informação! Caso contrário, caímos sempre no tal problema de pessoas que vão para manifestações sem saber contra o que se estão a manifestar. Em primeiro lugar é preciso fazer chegar a quem não procura os problemas que existem (por a frente dos olhos, mesmo!) e não cair logo com revoltas e manifestações e tudo mais em cima deles.
    A minha descrença aproximou-me do negativismo. Noutra altura talvez já veja a esperança da mudança.

    Tomás Moura

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  4. Precisamente, Tomás.
    Então retomo e reformulo a questão: Numa campanha rigorosamente igualitária e transparente, onde a Tal pessoa concorresse apenas contra outras pessoas e outras ideias e não contra as canetas, os isqueiros e os caderninhos de fotos em papel de luxo?

    Por algum lado temos de começar! ;D

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  5. A DG ou as campanhas da DG quase parecem campanhas de secundário: quem tiver mais brindes, meilleur!
    Mas dos chupa-chupas, música ao vivo, gomas, t-shirts...evoluímos para uma "cena mais à frente, à universitário e tal, porque ne', somos mais crescidos". E lá está, a maior parvoíce de sempre é que ganha quem tem mais dinheiro dos patrocínios: no secundário são os papás e respectivas mesadas, na Universidade, como é mais gente para agradar, temos os famosos e queridos e lindos partidos políticos.

    --'

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  6. "Triste de quem é feliz!
    Vive porque a vida dura.
    Nada na alma lhe diz
    Mais que a lição da raiz-
    Ter por vida a sepultura."

    Triste é ver que aqui se encaixa a nossa geração. D.Sebastião é um mito e assim o permanecerá. Por mais que almeje essa veracidade de interesses comandados por princípios, bem sei que sempre houve e sempre haverá pessoas comandadas por interesses. É isto que faz o mundo girar (nesta nossa antropocêntrica visão).
    Não desisto, porém, da possibilidade de haver dirigentes associativos que, embora acautelando-se a si mesmos, sejam morais o suficiente para liderar no melhor interesse da comunidade estudantil. Facto é que estes costumam ter outras prioridades.
    Talvez porque em período de campanha prevaleça a arte do cacique, vendo-se forçados a render-se à tentação-necessidade dos "isqueiros" - aqui remeto para o rebanho (expressão que aprecio, bom ver que pegou).

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  7. Não podemos mesmo votar em Jesus Cristo, sem desfazer da Mafalda? É que, além de Messias, Nosso Senhor Teve a capacidade de sintetizar alguns (a maioria) dos dirigentes associativos numa só frase - «Pai, Perdoa-lhes, porque eles não sabem o que fazem».

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  8. Ressalva: Quando acima me refiro aos dirigente associativos, refiro-me àqueles bem conhecidos por estarem manifestamente ligados a interesses partidários e assim alimentarem as suas campanhas, aos "caciqueiros", aos que servem interesses económicos e outros mais obscuros ou até aos que, com a sua inércia, não servem ninguém. Não quero com o meu dito espirituoso acima expresso envolver os dirigentes associativos que, em núcleos de estudantes, secções, órgãos de representação académica e até na DG fazem um excelente trabalho, mantendo de pé a AAC. Fica feita esta ressalva.

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  9. Em primeiro lugar, acho que a lógica de se entregar brindes está absolutamente desvirtuada.

    Se o brinde deveria constituir, num primeiro momento, uma lembrança física de uma conversa ou de um episódio em que há um contacto efectivo com um projecto, para, num segundo momento, se constituir num lembrete para as pessoas irem votar no dia, o que temos agora é que os brindes são distribuídos de uma maneira que não há como não lhe atribuir conotação negativa, visto que (pelo que me parece) acaba por ser fácil cair num esquema em que são utilizados indiscriminadamente para apelo ao voto não fundamentado.

    Quanto ao aspecto económico, esta é claramente uma situação em que a Liberdade oprime e a Lei liberta: nesse sentido, compreendo as críticas que o meu caríssimo colega Indigente levanta; concordo que a sua resolução só poderá ser feita através de um regulamento eleitoral análogo à metodologia legislativa prescrita para a questão do Financiamento dos Partidos Políticos; mas o que também me parece é que a fixação de máximos terá sempre de se compaginar com as realidades da UC e do associativismo e isso parece-me algo que gerará sempre, pelo menos, algum desconforto.

    Paulo Campos

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  10. Pois é precisamente do desconforto de muitos e da coragem de alguns que andamos a precisar! :D

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  11. Penso que o que também abre caminho para estas campanhas de propaganda vazia é a crise de valores que também assola (e tanto) a nossa geração.

    "...Vive porque a vida dura...Ter por vida a sepultura" - A vida tem por finalidade o imediatado, vive-se para o momento e para o gozo, no pior sentido possível. Com esta mentalidade comum a tantos da nossa geração, como não que seja a desinformação e as frases feitas a ganhar eleições ?

    Ricardo Cabrita

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  12. Pessoal! Não poderia deixar passar a oprtunidade para gritar em alta voz que A campanha "Mafalda p´ra a DG" NÃO PODE, NEM DEVE SER ilusão, quimera ou utopia...

    Não tenho medo de possíveis "comichões" ou (juntaria, se me permites Ricardo, ) dores de barriga ou mesmo cócegas seja lá onde for.

    Assim sendo, se conheces muitas "Mafaldas" por aí (ou esta em especial de quem vimos falando) afasta as "comichões", deixa-os coçar, junta-te nós e deixa o teu apoio...

    Quantas "Mafaldas" há por aí?

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