Hoje acordei com um conflito interno. Algo tão simples como a Manifestação realizada ao longo da tarde do dia 17 em Lisboa causou distúrbio tal na minha mente que me vi angustiada perante uma decisão shakespeariana: ir ou não ir.
Ouvi todos os argumentos louváveis de defesa dos nossos colegas que não vão poder continuar no ensino superior, da incoerência de retirar uma benesse crucial às famílias mais carenciadas na economia que atravessamos. No entanto pergunto – quantos manifestantes leram o DL 70/2010? Quantos têm noção da necessidade de ultrapassar a situação financeira em que nos encontramos? Quantos quiseram aproveitar uma boleia até à capital? Quantos têm coragem de reclamar, antes de mais, dos beneficiários de bolsa que dela não necessitam?
Desviando já a possibilidade de ataques nesse sentido, confesso a minha dose de hipocrisia – também eu, com todas as reservas que mantive, participei, motivada em parte pela oportunidade rara de convívio que iria ter com meus colegas do (sobrelotado) curso de Direito. E foi pela sequer existência de tal ideia em mim que me revoltei para comigo mesma.
Defendo que este corte extremo nas bolsas tem de ser contrariado. No entanto, perdemos, enquanto Estudantes Universitários, toda a credibilidade ao exigirmos a “revogação”, sem mais; ao queimarmos uma imagem de Mariano Gago; ao exibirmos um pirete de esponja; ao gastar verbas exorbitantes em publicitação (montante que ainda ninguém me soube definir); ao aproveitar para reclamar de tudo, desde propinas a Bolonha, passando pela falta de casas-de-banho nas residências e até pela necessidade de novos edifícios das Faculdades. Mas principalmente – ao não acreditarmos.
Uma Manifestação devia ser movida por interesses genuínos, tendo na base princípios morais que qualquer jovem consciente e solidário devia ter, crescendo em número pela disseminação de uma crença conjunta e unitária. Ao invés, deparo-me com busca pelo protagonismo, disputas entre Coimbra e Lisboa, Faculdades x e y, Comunistas e Socialistas, necessidades de afirmação e oportunidade para bebedeiras.
Pode parecer que estou a exigir demais de algo tão banal, mas aqui reside o problema. Com tanta crítica revolucionária ao Governo, deixamo-nos levar de ânimo leve num desfile de ovelhas sem saber no que nos estamos a meter e sem sentir aquilo por que gritamos. Em boa verdade, vibrámos muito mais ao entoar músicas estudantis no autocarro. E se digo “nós” é porque pela democracia estamos todos vinculados ao que passa com a nossa imagem. Em épocas já mais remotas sei que era possível a veracidade que reclamo. Se agora a encaro como utópica é para não cair na ingenuidade de não ver as mudanças negativas da nossa época. Este rebanho precisava de uma boa dose de reflexão. Deve ser da falta de boa música que já ninguém fica inspirado.
A decisão que acabei por tomar abalou a credibilidade das minhas críticas. Por outro lado, deu-me uma perspectiva interna que me permite fundamentar muitas das minhas descrenças, dando-me ainda uma experiência nova e momentos agradáveis. Toda a introspecção do mundo merece descanso. Então dormirei de consciência limpa pelo sofrimento que todas estas dúvidas me causaram, pelo reforçar das minhas convicções e pelo bitaite que aqui deixo.
Termino este post inaugural com o desejo que o decreto-lei seja revisto, que ninguém tenha de sair da Universidade e que esta fase de banalização desvalorizadora dos movimentos estudantis seja transitória, numa esperança a longo prazo.
As tuas dúvidas são as minhas dúvidas Mafalda. Não pude ir por razões pessoais mas a ter ido (em solidariedade com os colegas que perderão a bolsa e sem a qual não poderão prosseguir os seus estudos!) pergunto-me se teria conseguido apagar da minha mente a ideia de estar numa viagem de recreio a Lisboa. Já dizia o Pessoa "nisto de manifestações populares, o mais difícil é interpretá-las" mas julgo que a aceitação acrítica de um conjunto de ideias, qualquer que sejam, nunca é um bom ponto de partida...
ResponderEliminarEspero francamente que se reveja o decreto e já agora, se não for pedir muito, que cada um reveja as suas motivações na hora de dar uma de activista.
Boa sorte para o blogue!
*quaisquer
ResponderEliminarEstou totalmente de acordo. Por motivos pessoais não tive a oportunidade de participar na manifestação o que me deixa com pena pois é grave a situação que colegas meus vão ficar. No entanto não sou totalmente de acordo de como foi realizada esta manifestação, pois considero que foi feita numa base que é o porquê do nosso país não avançar. Ou seja em vez de a manifestação ser feita para exigir a "revogação",a meu ver devia ser feita para apresentar uma solução construtiva e viável o que não acontece. Não é tão simples como foi dito na rga que se o ensino superior é gratuito não devia ser pago, esquecem-se pois que o pais saiu há 36 nos de uma situação muito grave e de um momento para o outro teve que criar um sns e pagar reformas a pessoas que nunca na vida descontaram porque não lhes era dada essa possibilidade. E teve também de recuperar o atraso que levava em relação aos outros países. Em vez de ser proposta uma solução do género em que as propinas eram pagas em função do rendimento de cada um e assim sim se tornaria justo, porque é óbvio que se eu pagasse mais 20 euros em tres meses a mim não faria diferença e não faria a mim nem a outros milhares de colegas e que diferença fariam esses milhares de euros para se pagar as bolsas aos nossos colegas. Penso que quando somos contra a forma como as coisas são feitas devemos apresentar uma alternativa viável. obrigado e boa continuação com o blog
ResponderEliminarTenho a dizer que quero ser uma voz activa neste blog!
ResponderEliminarFinalmente uma opinião decente e bem construída referente a isto da dita manifestação.
ResponderEliminarApesar de partilhar das tuas esperanças, recusei-me a ir à manifestação por tudo o que foi dito em cima e algumas coisas mais.
Queria apenas acrescentar que achei francamente deplorável a palavra solidariedade ter sido empregue pelos mesmos senhores que decidiram gastar as tais verbas exorbitantes em vazia propaganda.
Ricardo Cabrita
Nem sei por onde começar! Eu penso que os estudantes e o resto da população portuguesa deviam era ir para Lisboa para deitar abaixo o governo que todos os dias é apanhado a roubar do bolso dos contribuintes e que depois tem o descaramento de dizer que a única maneira de tapar o buraco é ir buscar aos bolsos de quem já não tem nada! Desde os assessores até aos sites passando pelas obras públicas, a lista é infindável!
ResponderEliminarPor outro lado acho piada aos estudantes a distribuir panfletos à entrada das cantinas a dizer "Apareçam! Vai haver muito convívio!". Revela uma preocupação pelos colegas desfavorecidos enorme! Também gostava que me dissessem quem pagou a publicidade toda que foi feita, incluindo aqueles cartazes gigantes com os cangurus! Aposto que o dinheiro gasto com esta manifestação dava para pagar umas quantas bolsas a quem mais precisa!
Cabrita, a campanha "Até ele ficou sem bolsa" foi paga pela DG-AAC e custou cerca de €50.000.
ResponderEliminarPagava, portanto, cerca de 50 bolsas.
Embora isto não seja um encargo da DG e sirva como mero protesto é certo que era possível uma campanha bem mais barata com o mesmo efeito ou uma campanha do mesmo valor exponencialmente maior, se não se tivesse optado por esta campanha de luxo, incoerente e completamente irrazoável.
No entanto, penso que esse motivo não nos deveria deter de ir à manifestação. Quanto mais fossemos a estar pelas razões certas (não querendo despertar a discussão quanto à subjetividade da expressão)mais esses comportamentos seriam a exceção.
Mais, o protesto quanto a esses fatores e quanto a todo o conteúdo do caderno de encargos entregue aos líderes parlamentares (e que não foi devidamente divulgado pelo estudantes) deve ser feito na Assembleia Magna.
Também a manifestação foi uma deliberação de Magna e por isso todos devemos sentir o dever de participar (ou ir lá expor os motivos da discordância).
Relembro que a próxima AM, onde devemos apresentar todas estas críticas e fazer o balanço da manif, do desempenho dos estudantes e do desempenho da DG, se realiza Segunda-feira, 22 de Novembro. ;)
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarPenso que essa resposta não se dirigirá propriamente a mim visto que eu não sou o Cabrita de cima, apesar do apelido igual xD
ResponderEliminarGostaria no entanto explicar, que não fui á manifestação, também por partilhar as dúvidas que já foram em cima referidas e não vale a pena repetir,mas por isso mesmo, não senti que se fosse, o estaria a fazer em plena consciência. Logo por uma questão de princípio, não fui.
A validade desta decisão é discutível ;)
Isso explicado, acho que realmente aqui a questão, não é o ir ou não, mas tentar saber e fazer ver o que esteve certo e o que não esteve.
Queria apenas apontar, que na magna quando foi exposto o cartaz a dizer "exigimos a revogação etc etc", contaram-se pelos dedos de uma mão as pessoas que votaram contra. É pena portanto que mais pessoas na altura não se tenham apercebido do erro em fazer uma manifestação sobre estas bases.
Espero então que no dia 22 se disponibilize a devida atenção a estes assuntos ;)
Ricardo Cabrita
A meu ver, o problema por que passamos reside na falta de responsabilidade. O juíz aposentado do Tribunal Contas (Carlos Moreno) aponta uma razão que está relacionada com este facto. Diz que o problema não está na democracia, mas no uso que se faz dela. A verdade, creio, é que quando olhamos para as altas figuras não vemos exemplo, responsabilidade, ou convicção de valores. A verdade é que mais vale mudar de imagem, ou dizer uma piada na tv do que trabalhar afincadamente (a este propósito bem o demonstram as filas de assessores que fazem parte das campanhas eleitorais, que preparam tudo ao pormenor, incluindo se o político deve ou não ter as mangas da camisa arregaçadas, se deve ou não levar gravata, de que cor...). Infelizmente, vivemos numa Sociedade (da qual cada indivíduo faz parte e contribui) que se preocupa muito com o embrulho e não com o conteúdo. Isto não se resume à política, mas abarca um conjunto bem mais amplo de áreas.
ResponderEliminarA verdade é, também, que somos nós que escolhemos! (Para muitos esta pode ser a verdade mais dura, porque já não nos podemos desculpar)
Somos nós que escolhemos os políticos e que decidimos aceitar as suas mentiras e manipulações. Por outro lado, somos também nós que impedimos, por vezes, reformas estruturais à custa de interesses menores.
Não quero que este comentario pareça negativista. Quero é sublinhar que se consideramos que algo não está bem, temos de pensar que o podemos mudar. E a mudança começa, a meu ver, com aquilo que é mais difícil: a luta contra o comodismo e a responsabilidade que nós próprios a nós devemos exigir.
Logicamente que partilho das tuas opiniões e reticencias.
ResponderEliminarNo entanto, e vendo também um paradoxo criado pela campanha de divulgação da manifestação (então andam estes estudantes a pedir mais financiamento e gastam uma fortuna em "sensibilização"?) percebo que fosse muito importante difundir o protesto e as suas razões de ser. É claro que haverá com certeza estratégias tão ou mais eficazes e bastante mais em conta. Mas que esta resultou (em Coimbra não se falava de outra coisa) resultou.
Quanto ao teu conflito interior podes mais é cagar nele (desculpando-me o termo é claro). Fui a Lisboa motivado por uma simples razão: cortem NAS bolsas e não AS bolsas. Não concordava com todos os motivos de protesto, mas concordava com um forte,acho portanto que se justifica a minha ida. Para além do mais manifestação não existe sem convívio. No caso, estudantes juntos a fazerem-se ouvir (nem sempre bem é certo) precisam de convívio, de socialização para estarem todos pelo mesmo. São coisas indissociáveis.
Zé (de Famalicão)
Ah, e certo que muita gente foi para Lisboa por ser uma viagem de borla a capital, mas não será menos verdade que tendo essa gente desprovida de convicções saído a rua com os outros, a força (leia-se em número, o que é muito relevante) do protesto foi reforçada.
ResponderEliminarApenas acho que quem ficasse em casa, calado, na prática é igual aos outros tantos que ficaram em casa ou porque não querem saber ou porque não percebem nada. Ficar em casa, apesar de se ter pensado efectivamente sobre tudo o que envolve (e o que vai envolvendo) estas manifestações, teoricamente é muito lindo, mas no fundo, é igual.
ResponderEliminarApesar da noção que se tem do que se passa à nossa volta, o que conta, no final de contas, foi o número e o barulho que esteve no local na manifestação. Daí e, embora, "cof cof" ainda não se tenha visto consequência nenhuma da manif, o papel de quem foi, independentemente de bolseiro ou não, e de quem pensou sobre o assunto e sabe, que tendo em conta as milhentas não razões para não ir, foi cumprido: tentarmos ajudar as pessoas à nossa volta da melhor maneira possível. Como bolseira e vítimas dessas benditas novas normas técnicas só espero que de alguma maneira esta situação se possa resolver.
(este texto dava para responder a uma pergunta de Psi Social que calhou à malta na passada frequência. True Story!xD)
ResponderEliminarSim sem duvida que todas as razões para ir e não ir à manifestação são válidas.
ResponderEliminarConcordo também que o dinheiro gasto na campanha foi absurdo mas, lá está, tenho a certeza que não irão faltar oportunidades na magna para os estudantes criticarem aquilo que está mal na academia.
O que não nos podemos esquecer é que se os estudantes não saírem à rua, se não nos unirmos e se não nos opusermos aquilo que está mal, quem o vai fazer por nós? Não podemos esperar que outros lutem as nossas batalhas.
As coisas podiam ser feitas de outra forma claro. Mas pelo menos algo foi feito!
No fim de contas nem tudo foi mau:)
Inês Nunes
Parece-me ser possível afirmar que há uma Académica pré-partidarização e uma Académica pós-partidarização.
ResponderEliminarCompreendo o dilema de quem sofre com este contínuo diletantismo na assunção de valores que fica barato propugnar mas que sai caro manter. Também eu, e curiosamente no mesmo momento que vocês (início do segundo ano jurídico) acordei para uma realidade que saltava à vista de forma gritante e que é facilmente mensurável pela evolução do exercício do direito de voto.
Penso que pagamos hoje a factura de uma opção sócio-política pelo fomento de um individualismo assumidamente exagerado. E esta Casa, que sempre foi de Liberdade, pauta (ou deveria pautar) a sua actuação por um conjunto de elementos que lhe são muito caros mas que incompreensivelmente parecem não caber num conceito de sociedade como o vigente...Pensar a Res Publica pelos olhos da Academia, mantendo este pluralismo e esta visão comunitária, é algo que nem sempre se afigura de fácil compreensão.
O grande inimigo da Res Publica no Século XXI é, sem dúvida, o Desinteresse. A Apatia. E nunca foi tão necessário lançar uma OPA à Proactividade como agora. E, nesse sentido, venho por este meio congratular-te por este blogue e pela tua sinceridade.
Confesso que me mantive afastada desta manifestação... Existe um pensamento bastante condenável neste país acerca dos institutos politécnicos, quem é que se preocupa em envolve-los nestes assuntos e nestas movimentações? Mas, enfim, essa é outra história.
ResponderEliminarDepois de tanta filosofia e considerações, os estudantes devem ou não revoltar-se? E revoltam-se contra o quê? O governo, as mudanças, revoltam-se pelas decisões tomadas ou pelos motivos pessoais que os movem? Devem revoltar-se contra o mundo capitalista, baseado em objectivos individualistas que condena tudo o que começa com bons e puros princípios, dizendo que tudo de puro que há neles é falso?
Isto é tudo treta. Farta de filosofias estou eu.
Nem fé nos políticos da minha geração tenho. As pessoas movem-se por interesses pessoais. Desde os gregos que é assim. Temos de aprender a viver com isso porque não haverá solução. Sabem o que é que me entristece, mais do que uma manifestação? Ouvir uma colega da minha turma dizer: "(...) mas com tanto dinheiro a passar pelas mãos, quem é que não se tornava corrupto?". Isto tira-me fé e esperança, dá-me vontade de fugir. Em Portugal, até as ditaduras foram fraquinhas. O que este povo quer é manifestações a toda a hora, e já que estamos a caminho da desgraça, pelo menos caminhamos a marchar e com cânticos, que assim caminhamos felizes.
Carolina Carvalho
Antes de mais, admito não ter lido o decreto de lei em questão, não tendo portanto conhecimento de quais as alterações ao sistema de cálculo e atribuição de bolsas que daí advirão. Tendo isto dito não me irei pronunciar relativamente ao dec...reto de lei em si, mas sim a mentalidade da nossa população estudantil. Há anos que a nossa prezada academia tem uma luta: redução de propinas e aumento de bolsas. Argumento? Equidade; Igualdade de Oportunidades; Liberdade de Acesso a Educação. Concordo perfeitamente com os argumentos em questão, aliás, penso que é bastante óbvio o papel que a educação tem nas sociedades contemporâneas, e quão importante é o seu contributo para os níveis de produtividade de uma nação. Apesar de tudo não acredito que a solução esteja na redução de propinas... Já no aumento de bolsas a questão é diferente. Pessoalmente penso que as propinas deviam aumentar sendo o excedente usado para financiar o sistema de bolsas. Idealmente, as propinas deveriam variar de forma proporcional aos rendimentos do agregado familiar em questão, tentando assim garantir-se aumentos o mais comportáveis possível nos valores em questão. Ora antes que me comecem a criticar arduamente, vejamos algo interessante: Assumindo que existem mecanismos de controlo e fiscalização adequados (evitando assim parasitas no sistema), o valor das bolsas aumentaria consideravelmente. Estaríamos sem duvida nenhuma a contribuir para uma melhoria da situação daqueles que efectivamente necessitam das bolsas. Agora tendo em conta que esse financiamento seria obtido através de um aumento dos encargos para vários estudantes, teriam sem dúvida alguma que ser estabelecidas determinadas salvaguardas. Pessoalmente não gosto de fazer maus investimentos e portanto qualquer titular de bolsas teria para além de uma obrigação para consigo próprio (como todos temos), uma obrigação para com toda a comunidade estudantil que o financiaria. Consequentemente esse financiamento teria de estar estritamente dependente de um sério compromisso de trabalho por parte do bolsista. Penso que este compromisso teria de ser quase"contratual". Assim sendo de certa forma o estudante que suportasse o aumento de propinas teria o beneficio poder viver o seu percurso pelo ensino superior da forma que desejasse (independentemente da qualidade dessa escolha), enquanto que o bolsista sairia com mais dinheiro vendo assim a sua capacidade de aceder a recursos educativos ampliada...
ResponderEliminarNota: Estou aberto a qualquer crítica, apenas peço que seja construtiva. Um modelo deste género teria de ser muito bem trabalhado, e levaria certamente a choques ideológicos no momento da sua implementação. Gostaria de ter dito mais sobre a teoria inerente a este sistema, mas penso que já escrevi demais, e a verdade é que já é tarde e estou cansado. Pelo último motivo peço ainda desculpa se o texto possuir alguma incongruência significativa
Quanto ao comentário número 17 deste blog, o da Carolina, dá que pensar essa ideia "ah e tal, se isto já está perdido, para quê manifestarmo-nos?" Eu até posso concordar com a má estrutura base e má organização das manifestações. Há momentos e pessoas que reivindicam porque sim, nem sabem o porquê de lá estar. Eu vi gente a manifestar-se contra o Bolonha/propinas/más condições quando o propósito era mexerem naquele maldito decreto. Isso, ok, é muito estúpido. Agora o que eu não posso compreender é o ficar parada...Ser uma versão moderna e mais bizarra de Ricardo Reis, sentadinho com a Lídia, à beira-rio, a ver o rio e a vida passar, sem aproveitar de facto, sem lutar, sem viver...eh pah...não. Não tenho a visão utópica de que vamos conseguir mudar o mundo todo e, connosco, amanhã vou acordar num mundo mais justo e mais flores cor-de-rosa, mas não consigo suportar ficar a ver as flores todas a murchar, independemente da cor que são, e não, pelo menos, pôr-lhes um bocadinho de água, para ver se alguma sobrevive...
ResponderEliminar